Acho que já devem ter notado que vampiros estão na moda, certo? Filmes, séries, Hqs, estão em todos os cantos! Em breve creio que alguém acreditará que é o próprio Lestat, e criar a própria banda anunciando que está na hora de sair do armário... Temo que os grandes clássicos estejam quase que literalmente se revirando no túmulo, com o que vou relatar, mas antes, vamos falar um pouco sobre quem são essas criaturas da noite.
Quem aqui nunca ouviu falar em vampiros? As lendas vampirescas são mais antigas que a maioria das pessoas possam supor, chegando a civilizações pré-colombianas, china, índia.... e mais posteriormente na Europa, durante a chamada Era das Trevas. Gosto do termo “era das trevas”, afinal, a humanidade daquele ínfimo lugar decidiu jogar no lixo todo conhecimento que adquirira para viver sobre as próprias fezes, e temer demônios onde não havia mais que homens e animais. Mas foi provavelmente na era Vitoriana que começaram a tomar forma e popularidade. Ele poderia ser trágico e romântico (no sentido literário de romance), como em contos de Lord Byron, ou
sensual e tentador, como descrito por John Polidori. No geral, o maior ponto em comum era o fato de se alimentarem de sangue, e não poderem entrar em contato com a Luz do sol. Entre as mais diversas variações, se transformavam em animais (morcegos ou lobos), não possuíam reflexo, pavor a alho, morreriam com estacas no coração, ou nenhuma dessas coisas malucas.
Mas provavelmente, o maior clássico dos caninos de Itu, e que considero de mais significativa valia, é “Drácula”, de Bram Stoker. Aqui estava nosso maior ícone, uma homem amaldiçoado, vil e cruel, cheio de sensualidade, terror e tragédia. O vampiro ganhava uma personalidade poderosa, assustadora e tentadora... não havia como não se encantar! Trazendo consigo personagens marcantes como Van Hellsing e Mina Harker, que sobreviveram ao tempo nas mais diversas adaptações ... Enfim, um dos maiores nomes do cinema, do terror, de seja lá o que for, com certeza é Nosferatu! Do diretor F. W. Murnau, um clássico do expressionismo alemão produzido em 1922, também foi baseado no recém citado Dracula.
Agora que já recapitulamos a ascensão vampiresca, vamos chegar ao ápice para finalmente apontar a queda... queda?! Que raios estou falando?! É isso mesmo amiguinhos, esses vampiros aprontaram altas confusões, e chamaram atenção até mesmo na casta podre das supostas “literaturas” modernas e sem vinculo histórico ou qualquer valor “QIstico”.
Finamente, a imortalidade fez jus nas obras intermináveis de Anne Rice. Os fãs de Anne que me desculpem, mas ela tinha que torná-los tão absurdamente gays!? Eu também aprecio parte de suas criações, admiro o valor, mas precisava MESMO ser tão absurdamente gay?! Vamos concordar que a adaptação cinematográfica de “Entrevista com o Vampiro” ficou muito legal, e conseguiram amenizar parte da “graciosidade” de algumas figuras, mas ainda sim, porque raios não deixaram de ser gays?! Daqui em diante, o que não faltaram foram obras inspiradas em toda essa boiolice.
Vale citar o RPG da White Wolf, no chamado “mundo das trevas” onde criaturas vampirescas se organizam em seitas e clãs. Pelo menos tiveram a decência de considerar todas as adaptações e versões possíveis dessas criaturas, desde aos Anne-riceanos Toreadores, até os Murnaunianos Nosferatus. Popular na década de 90, o jogo foi difundido no mundo todo, e jogado inclusive por essa que vos fala. Tempo esse que nos deu a oportunidade de conhecer as possibilidades que os sangue suga ofereciam, enquanto paralelamente os japoneses e suas mentes deturpadas pela radiação criavam as mais diversas histórias, entre jogos como Castlevania até mangás como Hellsing. Pelo menos uma coisa mantinha-se sempre a mesma: eram criaturas amaldiçoadas, sanguinolentas, sem contato com a luz do sol, e destinadas à tragédia.Mas agora também era mais poderosas e cheias de truques e armas. Nos quadrinhos, pequenas histórias de terror já citavam essas crianças da noite desde as Pulp Magazines, e sobrevivem dia a pós dia. Herois como Blade ganharam destaque
especial pelas adaptações cinematográficas, e outras historias fechadas como 30 dias de noite, entre tantos outros.
No entanto, porém, todavia, a catástrofe chegava no horizonte.... Ela poderia ter vários nomes, poderia ser um seriado, um livro, um filme... mas no final era tudo isso junto! Chegamos numa época triste em que uma cultura pobre se delicia em produtos sem profundidade e qualidade literária. Qualquer conto pode ser válido desde que tenha uma pitada de moda, rostos populares, e fãs desmioladas sem vida social e sem personalidade própria.
A pior catástrofe veio de um livro de uma autora que não poderia deixar de subentender seus ideais religiosos transparecerem na castidade de protagonistas artificiais, sob situações ilógicas, devidamente adaptados a uma sociedade sem princípios ou cultura. Sim, estou falando de Crepúsculo, e sua multidão de fãs, em sua totalidade composta por meninas desiludidas e excluídas pelos coleguinhas legais, que na esperança de encontrarem felicidade mergulham numa fantasia que nada mais é que uma mistura de Harry Potter com Malhação e Anne Rice, resultando em adaptações cinematográficas ainda piores, além de deturparem o pouco que tornava vampiros criaturas legais. Como se não fosse o bastante, a febre resultou em seriados de tão pouco conteúdo que começam a inundar os canais, e capas de revistas Capricho, espaço este que fora antes trono da modinha emo e outras futilidades.
Sei que pode parecer um pouco rude, mas romances que precisem de um ícone mitológico do terror para ganharem destaque são tão deprimentes quanto fãs de Harry Potter lixando a atriz que fez a namoradinha dele no cinema. Até mesmo a moda gótica pseudo-depressiva já tornava-se irritante, que diremos então dos produtos congelados para microondas que disponibilizam agora? Um livro não precisa ser um poço de filosofia, ou mesmo pré requisitar conhecimentos de longe do alcance popular, mas deveria no mínimo fornecer uma fiel resultado ao gênero, ou um mínimo de acréscimo àquele que perdeu seu tempo mergulhado em orações e parágrafos que custaram o sagrado suor do autor. Cervantes tinha razão ao alegar que a literatura perdera o engenho e arte, mas não deixa de se assustar em ver que isso permanece desde os romances de cavalaria.
Hoje, imagino que Jonathan Harker não precisaria temer a perda de Mina pro deprimente Edard Cullen, e pagaria pra ver Bella Swan beijando o Nosferatu. E não, vampiros não viram purpurina no sol, eles queimam e gritam no processo. Por isso que digo, meu vampiro favorido, com certeza é Cassidy, da HQ Preacher...
Encerro esse texto com uma pequena citação:
"Alguns gostariam de ser como eles. Sua beleza, sua força, sua tragicidade.(...) Lordes da noite, abrindo veias e veias e bebendo o elixir escarlate...”
Cassidy:
“Ai que merda! Você é um punheteiro, hein?”