Hoje eu gostaria de dar uma palavrinha....
Sei que há muito tempo não tenho expressado algumas opiniões em publico, mas talvez seja porque aprendi que nem tudo vale o esforço da expressão.
De fato, houve um tempo em que fui bem diferente. As pessoas me xingavam e me humilhavam, e tudo que eu fazia era abaixar a cabeça e sair do local. Sofri por anos, enquanto em minha mente eu acreditava que se permanecesse quieta, as pessoas parariam com as maldades e se dariam conta que eu não queria brigar. Claro, se tem algo que se pode falar de adolescentes, é que eles são a mais pura expressão da podridão humana, que logo se expressa através do chamado bulling, o qual eu acreditava lidar à minha maneira. Foi assim até ver outras pessoas sofrendo da mesma maldade, então levantei minha cabeça e defendi aqueles que não sabiam se defender, e notei que eu tinha essa força.
Quando descobri a felicidade de sair do colégio, pude ter a ótima experiencia de entrar no cursinho, seguido pela universidade. Daquela época descobri que o que me diziam era uma mentira... que eu não era menor que ninguém, que eu não estava errada só porque não gostava das mesmas coisas que eles, e que gostar de ler, desenhar, aprender ou questionar, não era um defeito. Então senti raiva, senti raiva porque por anos me fizeram acreditar que eu não podia falar o que pensava, por ter acreditado que eu não valia nada.
Este foi o período de maior mudança em minha personalidade, porque eu podia ser eu mesma. Podia sorrir e rir, e não tinha mais ninguém pra me criticar por isso. Eu passei a defender mais assiduamente aqueles que não conseguiam se defender, e passei a brigar pelos meus direitos, e minhas opiniões. Enfim, ninguém era melhor que ninguém, e tinha gente que merecia ouvir algumas palavrinhas.
Já no lado profissional aprendi muitas outras coisas. Aprendi que não importa o quão ruim uma coisa seja, ela pode ser muito pior. E não importa o quanto defendam o lugar que você esteja, sempre haverão lugares melhores. Aprendi que não importa o quanto você tenha estudado para aquilo, o quanto você saiba daquilo, se quem recebe mais que você, por mais ignorante no assunto que seja, acha que sabe mais. E você tem que obedecer. Aprendi que não importa o quanto acaricie uma cobra, ela sempre será venenosa. Aprendi que o sustento da família, os problemas pessoais, e todos os motivos que o levam a se esforçar, não valem nada se você não puxa um saco. Aprendi que a única pessoa que garante seu futuro, é você.
Aprendi que seguir em frente é muito mais saudável que acreditar que se pode fazer algo para melhorar o lugar que está, quando já se provou que não é possível.
As coisas que aprendemos sobre dignidade, honra, e verdade, não valem na maioria dos lugares em que trabalhamos, no entanto, ainda há lugares em que se pode encontrá-las.
Já as pessoas, bem, elas vão e vêm. Agente conhece novas, se despede das antigas, ganha novos amigos e perdemos outros. Isso tudo é parte do caminho, e nem sempre vem com coisas boas embutidas.
Nesse meio, infelizmente, aprendi outras coisas. Por exemplo, como já dizia o grande sábio, quem chora primeiro pro pai é quem tem a rasão. Mesmo que você aplique a postura de manter os problemas particulares entre as pessoas referentes, a pessoa em questão nem sempre terá a dignidade de manter os problemas entre vocês. Aprendi que muita gente é vitima, e ninguém se prontifica a conhecer o problema antes de tomar partido. Aprendi que as pessoas tomam partido...
Quando fiquei quieta, e não apontei problemas, eu perdi. Porque quando não se fala, você é culpado, já que as pessoas nem sempre têm capacidade de procurar entender todo o contexto. Mas também aprendi que quanto você fala, você também perde, porque você ou não foi o primeiro, ou não está num cargo maior. Mas enfim, se for para perder falando ou não falando, que seja pelo menos tentando.
Quando paro e olho para o passado, vejo que tudo não passa de uma grande roda que (santo pleonasmo) dá voltas, e tudo começa a se repetir. Porque então somos fadados a passar de novo pelos mesmos problemas? Porque temos que novamente encontrar a podridão humana no caminho? Porque temos que nos deparar com a dúvida de falar ou não falar, sabendo que vamos perder?
De certa forma, a vida não é feita de vitórias. Ela é feita de perdas.
Quando agente perde, agente lembra, agente aprende. É por isso que vivemos de novo e de novo as mesmas coisas, para ter uma nova chance de acertar. Não há precisamente uma única solução para as coisas, mas há a certeza de que pelo menos tentamos. Tentamos falar a verdade, tentamos corrigir os erros (nossos ou não), tentamos ajudar os outros, e a nós mesmos. Tentamos nos lembrar que lutar pela honra, dignidade, e verdade, cabe a você. Tentamos nos lembrar, que em tudo que perdemos, na grande verdade, ganhamos.
No final de tudo, olhamos para nós mesmos, e vemos que crescemos.
O tempo nunca parou.
Enfim, me pego com um sorriso.
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Há 10 anos
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