quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Desabafo

Hoje eu gostaria de dar uma palavrinha....
Sei que há muito tempo não tenho expressado algumas opiniões em publico, mas talvez seja porque aprendi que nem tudo vale o esforço da expressão.
De fato, houve um tempo em que fui bem diferente. As pessoas me xingavam e me humilhavam, e tudo que eu fazia era abaixar a cabeça e sair do local. Sofri por anos, enquanto em minha mente eu acreditava que se permanecesse quieta, as pessoas parariam com as maldades e se dariam conta que eu não queria brigar. Claro, se tem algo que se pode falar de adolescentes, é que eles são a mais pura expressão da podridão humana, que logo se expressa através do chamado bulling, o qual eu acreditava lidar à minha maneira. Foi assim até ver outras pessoas sofrendo da mesma maldade, então levantei minha cabeça e defendi aqueles que não sabiam se defender, e notei que eu tinha essa força.
Quando descobri a felicidade de sair do colégio, pude ter a ótima experiencia de entrar no cursinho, seguido pela universidade. Daquela época descobri que o que me diziam era uma mentira... que eu não era menor que ninguém, que eu não estava errada só porque não gostava das mesmas coisas que eles, e que gostar de ler, desenhar, aprender ou questionar, não era um defeito. Então senti raiva, senti raiva porque por anos me fizeram acreditar que eu não podia falar o que pensava, por ter acreditado que eu não valia nada.
Este foi o período de maior mudança em minha personalidade, porque eu podia ser eu mesma. Podia sorrir e rir, e não tinha mais ninguém pra me criticar por isso. Eu passei a defender mais assiduamente aqueles que não conseguiam se defender, e passei a brigar pelos meus direitos, e minhas opiniões. Enfim, ninguém era melhor que ninguém, e tinha gente que merecia ouvir algumas palavrinhas.
Já no lado profissional aprendi muitas outras coisas. Aprendi que não importa o quão ruim uma coisa seja, ela pode ser muito pior. E não importa o quanto defendam o lugar que você esteja, sempre haverão lugares melhores. Aprendi que não importa o quanto você tenha estudado para aquilo, o quanto você saiba daquilo, se quem recebe mais que você, por mais ignorante no assunto que seja, acha que sabe mais. E você tem que obedecer. Aprendi que não importa o quanto acaricie uma cobra, ela sempre será venenosa. Aprendi que o sustento da família, os problemas pessoais, e todos os motivos que o levam a se esforçar, não valem nada se você não puxa um saco. Aprendi que a única pessoa que garante seu futuro, é você.
Aprendi que seguir em frente é muito mais saudável que acreditar que se pode fazer algo para melhorar o lugar que está, quando já se provou que não é possível.
As coisas que aprendemos sobre dignidade, honra, e verdade, não valem na maioria dos lugares em que trabalhamos, no entanto, ainda há lugares em que se pode encontrá-las.
Já as pessoas, bem, elas vão e vêm. Agente conhece novas, se despede das antigas, ganha novos amigos e perdemos outros. Isso tudo é parte do caminho, e nem sempre vem com coisas boas embutidas.
Nesse meio, infelizmente, aprendi outras coisas. Por exemplo, como já dizia o grande sábio, quem chora primeiro pro pai é quem tem a rasão. Mesmo que você aplique a postura de manter os problemas particulares entre as pessoas referentes, a pessoa em questão nem sempre terá a dignidade de manter os problemas entre vocês. Aprendi que muita gente é vitima, e ninguém se prontifica a conhecer o problema antes de tomar partido. Aprendi que as pessoas tomam partido...
Quando fiquei quieta, e não apontei problemas, eu perdi. Porque quando não se fala, você é culpado, já que as pessoas nem sempre têm capacidade de procurar entender todo o contexto. Mas também aprendi que quanto você fala, você também perde, porque você ou não foi o primeiro, ou não está num cargo maior. Mas enfim, se for para perder falando ou não falando, que seja pelo menos tentando.
Quando paro e olho para o passado, vejo que tudo não passa de uma grande roda que (santo pleonasmo) dá voltas, e tudo começa a se repetir. Porque então somos fadados a passar de novo pelos mesmos problemas? Porque temos que novamente encontrar a podridão humana no caminho? Porque temos que nos deparar com a dúvida de falar ou não falar, sabendo que vamos perder?
De certa forma, a vida não é feita de vitórias. Ela é feita de perdas.
Quando agente perde, agente lembra, agente aprende. É por isso que vivemos de novo e de novo as mesmas coisas, para ter uma nova chance de acertar. Não há precisamente uma única solução para as coisas, mas há a certeza de que pelo menos tentamos. Tentamos falar a verdade, tentamos corrigir os erros (nossos ou não), tentamos ajudar os outros, e a nós mesmos. Tentamos nos lembrar que lutar pela honra, dignidade, e verdade, cabe a você. Tentamos nos lembrar, que em tudo que perdemos, na grande verdade, ganhamos.
No final de tudo, olhamos para nós mesmos, e vemos que crescemos.
O tempo nunca parou.

Enfim, me pego com um sorriso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário